Queria batalhar
E acabei vencida
Tão iludida!
Nada desejava mais que celebrar
O meu, o teu, o nosso dia!
E acabei a desejar o amanhã triste,
O fim deste dia que já não sentia meu.
Em vez de lutar, sair à rua,
Chorei em casa, confinada.
Em companhia,
Mas no fundo tão sozinha.
Acabei por me esquecer do verdadeiro significado do dia.
A esperança de um dia acordar e ser diferente.
O conhecimento de que não estou sozinha.
O pensamento e memória de todas as mulheres
Que como eu se sentem sem voz!
Silenciadas, mas nunca caladas!
De todas as mulheres que lutaram, que lutam e que lutarão.
E que o único crime, hoje, é desistir.
Acordei feliz, corajosa
Com desejo de lutar pela história,
Deixar as minhas antecedentes orgulhosas,
Com a urgência de fazer algo,
Contribuir,
Deixar o mundo a sorrir...
O meu desejo ficou por aí:
Um sonho.
Mais um dia em que nada mudou.
Mais um dia em que à espera de entendimento
Encontrei nada que não conflito…
Emburrecimento do espírito.
Saboreei a chapada dos ignorantes,
Dos mal intencionados,
Dos(as) conformados(as)...
E, por momentos, também eu desisti.
Dececionada fiquei.
Isolada.
Quebrada a bolha de expectativas,
Do entendimento do mundo.
(Que no fundo pensei ser
talvez absoluto?)
Autora: Sofia Bártolo
Edição de Imagem: Guilherme Luís