Às vezes pergunto-me porque vim para aqui,
Para debaixo deste céu chuvoso e cinzento,
Para esta floresta fria e meio perdida, da qual (sem querer) quero sair,
Já não sei o que é Casa e o que é Inocência...
Já nem as sinto.
Sinto que não pertenço a sítio algum,
Cheguei a tal ponto que já não sei quem sou,
Centenas de bocados de um objeto único que se perderam pelo espaço e pelo tempo,
E que estão ansiosos pelo seu reencontro.
Volto a casa e à inocência,
Mas essa casa e essa inocência já não são minhas,
Aqui não as tenho, lá não lhes pertenço.
O que vale é que o Amor continua a ser meu.
E é esse Amor o que me dá a Esperança.
A Esperança de que vou reencontrar a Casa e a Inocência,
E que poderei considerá-las como minhas.
A Esperança de que os bocados de vidro se descubram e unam novamente,
Formando o Uno.
Autoria: Rafael Rosa
Edição de Imagem: Catarina Simões