ALEMANHA

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Processo de Candidatura

Pontos Positivos:

  • Não há um exame que testa os conhecimentos médicos gerais para os médicos da UE e a candidatura é feita através de entrevistas com o empregador. Isto possibilita que os chefes te conhecem e que tu conheças o teu futuro lugar de trabalho e as condições te que esperam.

  • Na Alemanha, contrariamente a Portugal, os Hospitais têm mais liberdade para se organizarem e acaba por haver maiores diferenças, nomeadamente quantos doentes o médico tem na enfermaria, ou quantos médicos estão alocados à urgência, quantos especialistas prestam apoio ou estão disponíveis para definir o plano do doente e como se processa a formação e investigação, que apoios há.

  • Aqui há também sempre a possibilidade de fazer um pequeno estágio (Hospitation) para conhecer o dia-a-dia do hospital, poderá ser no mesmo dia da entrevista ou até após a proposta de emprego, com o intuito de se tomar uma decisão consciente.

Principais dificuldades:

  • Necessário descobrir como funciona o processo de candidatura, que poderá ter ligeiras diferenças consoante o estado, apesar de haver vontade de uniformizar o processo. 

  • O processo de candidatura encontra se escrito na ordem dos médicos dos respetivos estados (Ärztekammer). 

  • Há que dizer que economicamente é um esforço, especialmente quando se reside em Portugal, dado que as entrevistas são preferencialmente presenciais.

Outras informações:

  •  Necessário a obtenção de Nível B2 de alemão (alguns estados requerem já o C1).

  •  Consoante o estado:

    • Candidatura ao Exame de língua alemã médica (Fachsprachprüfung), que custa 420 euros e a emissão do certificado custa 300 euros.

    • Após o envio de candidaturas aos Hospitais e de uma proposta de emprego ou "interesse" do empregador existe a possibilidade de se fazer a candidatura à Fachsprachprüfung, sendo que aqui há geralmente uma maior facilidade na mesma.

  • A obtenção da Approbation envolve vários documentos, inclusive o certificado da Fachsprachprüfung, que terão de ser traduzidos para alemão como cópias autenticadas, sendo este processo também um esforço/investimento financeiro.

Internato

Pontos Positivos:

  • Flexibilidade para trocar de especialidade, podendo haver equivalências.

  • Flexibilidade para trocar de hospital. 

  • Contratações são feitas através de entrevistas ao longo do ano, sem haver períodos delimitados.

Principais dificuldades:

  • Apesar de o nível B2 de alemão chegar para praticar na Alemanha, considero que é insuficiente, mas chega para começar. Desta forma a adaptação inicial pode se dizer difícil. Os hospitais tem noção dessa dificuldade e costuma haver um tempo de adaptação cerca de 1 mês, dado que os hospitais não têm interesse em perder o trabalhador que empregaram. 

  • Geralmente os primeiros 6 meses são um período de teste, em que é fácil terminar o contrato (com um aviso de 6 semanas de antecedência). 

  • Necessário haver uma adaptação à Medicina praticada na Alemanha e ao ambiente hospitalar ou em centros de saúde. Os médicos têm aqui desde o início mais responsabilidade, a enfermagem presta uma ajuda menor, dado que atualmente no geral não tem funções como colher sangue.

  • Por vezes, as especialidades podem demorar mais tempo a terminar, pelo facto de o logbook não estar completo ou as rotações serem atrasadas. Varia de especialidade para especialidade e mais uma vez entre hospitais

Overview:

  • No meu caso de cardiologia, eram necessários 5 anos para ser internista e depois mais 3 anos para uma subespecialidade. Atualmente esse vertente ainda é possível, mas opta-se por 6 anos onde se fica internista e logo com uma subespecialidade. Supostamente os 3 primeiros anos são medicina interna e os 3 seguintes mais na cardiologia. 

  • Aqui, no entanto, os hospitais têm liberdade para se organizar e os internos são trabalhadores que recebem formação, mas são vistos pelo empregador muito mais como alguém que vem suprimir uma falta que eles têm. Por isso o internato, mais uma vez, depende do hospital, não tem um processo linear, podendo haver uma evolução muito rápida como uma mais lenta. 

  • Existe alguma pressão para ser autónomo, assim como fazer as coisas rápido o que equivale a um maior número de pacientes (isto é um aspeto geral, tanto na enfermaria como na urgência). Um interno na enfermaria tem geralmente 10-15 doente à sua responsabilidade, o que significa que o trabalho na enfermaria é mais exigente que em Portugal. De certa forma, isto é possível porque não se escrevem diários extensos, mas sim diretamente a nota de alta e algumas anotações diárias.

  • Ligado à cardiologia e ortopedia, existem cursos que se pode ir fazer esporadicamente e que dão uma subespecialidade em medicina desportiva.

  • Além disso, obtém se a especialidade de medicina intensiva após dois anos de trabalho na enfermaria de intensivos, sendo que os 6 meses obrigatórios para qualquer especialidade de medicina intensiva também são contabilizados.

  • Mesmo já sendo especialista há uma grande abertura para que a pessoa aprenda outras técnicas e para assumir outras funções.

  • Existe um Logbook onde estão objetivos a obter durante a especialidade, que no fim deve ser assinado pelo chefe e que convém guardar como comprovativo para o caso de se trocar de hospital.

  • Diferença na formação face a pessoas do próprio país - só existe um exame no final da especialidade, o qual não é complicado, algo que é lógico dado que como em Portugal chumbar alguém deve ser uma raridade e aqui dada a contratação ser por entrevista, no fim a nota do exame não é tão relevante. Não há a mesma pressão para obter um currículo como em Portugal. No meu hospital, por exemplo, há grupos de trabalho/investigação e são os chefes que decidem em que projetos se vai trabalhar, porque são eles que têm mais experiência.

  • Pode ser possível obter posições de chefia bastante cedo, que apresentam remunerações extra.

Vivência do país

Pontos Positivos:

  • Boa cerveja, bom sistema de transportes, com maior oferta e maior rede de comboios.

  • A Alemanha localiza-se no centro da Europa.

  • O alemão é também falado na Áustria e parte da Suiça. 

  • No norte chove mais, no sul há mais sol e montanhas com neve para desportos de inverno.

Principais dificuldades:

  • A adaptação de qualquer emigrante português.