A verdadeira beleza das coisas
Está nos meios e não nos fins.
Começar pelo final é de principiante,
Agora sei,
Mas assim percebi que esta variante
É de quem a sorte os escolher
De ter dois princípios
E, à vista, nenhum fim.
A calma aconselhada é prudente,
Mas eu nunca fui.
A minha liberdade é intransigente
E eu libertei-me arbitrando
Que da maneira que corre sempre mal,
Para nós dois, num caso acidental,
Será a forma de chegar ao mesmo sítio
Que a outros a calma levou.
Esta minha impaciência,
Que foi nossa, na verdade,
Fez-nos andar em marcha contrária,
Ingénuos à circularidade de uma vida.
Assim, circulámos todos os passos
Com uma ordem arbitrária,
Prolongando por demais os espaços
Entre qualquer princípio,
E qualquer fim.
Autora: Filipa Dias
Edição de Imagem: Catarina Simões