POETAS DE ESTETO NA MÃO | O Soneto do Olho

Um dia dissequei-me os olhos,

Pois na busca por uma alma

Supus neles a serena calma 

De quem nos corre p'lo Infinito;


E cansar no circular do sangue

O fulgor do pensamento, essas

Ideações que apenas desgraças

Nos confundem o entendimento,


Somente me levou à angústia

De saber, que bem lá no fundo,

Só nos habita o fim do mundo,


E que em abismo de azares só

Assim floresce, voz que já

Não esquece, o teor da alma humana.


Autor: Tiago de Sousa

Ilustração: Ana Catarina Manaças

Edição de Imagem: Felipe Bezerra