Um dia dissequei-me os olhos,
Pois na busca por uma alma
Supus neles a serena calma
De quem nos corre p'lo Infinito;
E cansar no circular do sangue
O fulgor do pensamento, essas
Ideações que apenas desgraças
Nos confundem o entendimento,
Somente me levou à angústia
De saber, que bem lá no fundo,
Só nos habita o fim do mundo,
E que em abismo de azares só
Assim floresce, voz que já
Não esquece, o teor da alma humana.
Autor: Tiago de Sousa
Ilustração: Ana Catarina Manaças
Edição de Imagem: Felipe Bezerra