Pode parecer algo estranho, mas já houve um tempo em que o plástico não era uma constante do dia-a-dia, e as pessoas viviam bem com isso. O mais curioso de tudo é que nesse tempo a natureza não era um assunto que preocupasse muita gente, porque, afinal, ela sempre tinha existido e não parecia possível arruinar o ecossistema de um planeta.
Já hoje em dia, parece que vivemos num universo paralelo. O plástico tornou-se quase indispensável no nosso quotidiano (tendo salvo a vida a alguns milhares de animais que veriam os seus chifres decepados se não fosse a milagrosa, mas vil baquelite), mas ao mesmo tempo tomámos consciência do perigo que corre o nosso planeta e, em concreto, a natureza, mãe de todos os seres vivos.
Esta realidade assustadora e, sobretudo, consciencializadora permitiu uma mudança de hábitos e o aparecimento de alternativas para algo tão banal como palhinhas ou escovas de dentes. No entanto, a par das alternativas sustentáveis desenvolvidas por uns, surgiram também problemáticas como o “oportunismo sustentável”, isto é, empresas que através marketing passam ao consumidor uma imagem eco-friendly que em nada tem a ver com a realidade. Este oportunismo, tal como tudo hoje em dia, tem um nome: Greenwashing, para o qual até já existe uma entrada de wikipédia e um guia (1) que nos ajuda a detetar estes esquemas corporativos ou governamentais.
Apesar de este ser um problema sério, a sustentabilidade tornou-se também numa moda, o que tem efeitos positivos, mas também negativos. Reutilizar, por princípio, é algo positivo e ecologicamente sustentável. No entanto, no caso dos copos, garrafas ou sacos de plástico, para estes serem reutilizáveis necessitam de plástico mais resistente, logo a sustentabilidade destes objetos residirá no número de vezes que forem efetivamente reutilizados, porque a não reutilização dos mesmos poderá até aumentar o consumo de plástico. Um exemplo claro disso são os sacos de plástico que, segundo uma investigadora do Scripps Institution of Oceanography, podem vir a ser banidos das zonas costeiras por perigo de contaminação dos oceanos. Nas restantes zonas irão depender da sua reutilização, visto que as alternativas, no que toca a plástico biodegradável, por exemplo, continuarão a ser menos sustentáveis se não forem reutilizados vezes suficientes. (2)
Como tal, antes de ser apenas uma moda ou uma mania passageira a sustentabilidade deve sobretudo ser um ato de consciência individual e da sociedade.
(1)https://web.archive.org/web/20140513153230/http://www.futerra.co.uk/downloads/Greenwash_Guide.pdf
(2) https://earther.gizmodo.com/are-reusable-bags-really-better-for-the-planet-1826567287
Texto: Santiago Ribeiro
Ilustração: Maria Diniz Cabrito - 2º ano