Em Portugal, a cada minuto 7000 beatas são lançadas ao chão. O seu tempo de degradação varia entre 18 meses e 10 anos, dependendo das condições do meio. Constituem assim um dos detritos mais abundantes no mundo.
Os filtros foram introduzidos nos cigarros durante os anos 50, após se ter descoberto que a combustão do tabaco liberta centenas de substâncias tóxicas, entre as quais alcatrão e metais pesados, numa tentativa de impedir que estas fossem consumidas pelos fumadores, estratégia que se revelou pouco eficiente. Essas substâncias ficam impregnadas nos filtros dos cigarros.
Ao contrário do que parece, o material leve e fibroso não é constituído por algodão, nem por qualquer outra fibra vegetal. É, no fundo, uma forma de plástico - acetato de celulose - cuja decomposição é muito lenta. Sendo leves e móveis, entram facilmente nas vias de águas pluviais, através das sarjetas, tento entrada direta nos rios e oceanos, dado que as águas das sarjetas não são tratadas convenientemente. Assim, torna-se claro que estes produtos, para além de não serem biodegradáveis, são também facilmente confundidos com alimento e ingeridos por diversos animais.
Não é moralmente aceitável que detritos como garrafas de água ou pequenas embalagens sejam vulgarmente deitados ao chão, mas é “natural” que as beatas sejam despejadas arbitrariamente.
As pontas de cigarro são dos resíduos mais encontrados nas praias do sul da Europa e nos centros urbanos, não certamente devido à falta de baldes do lixo, mas sim por má atuação e negligência das pessoas.
Estamos perante uma questão complexa e transversal a várias áreas como a política, o ambiente, a saúde e a educação, cuja resposta é simples: tratar as beatas como qualquer outro resíduo e depositá-las nos locais adequados.
Texto: Henrique Melo - 2º ano