LER PARA CRER | Qualidade no Serviço Nacional de Saúde

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A qualidade como uma ferramenta para acrescentar valor à saúde

Com a crescente demanda da sociedade relativamente aos serviços de saúde e tendo em conta a importância de dinamizar o Serviço Nacional de Saúde (SNS), torna-se fundamental assegurar a qualidade dos serviços prestados e a sua melhoria contínua. As iniciativas de reestruturação e as reformas do sistema de saúde, a redistribuição de recursos humanos e materiais, a redução de verbas públicas, a privatização de unidades de saúde, o aparecimento de novos planos e seguros de saúde e de novas tecnologias, geram alguma apreensão e um consequente sentimento de necessidade de confiança, quanto à qualidade dos serviços de saúde. É importante que os responsáveis por gerir as mudanças no sector da saúde estejam empenhados em implementar ferramentas para a monitorização da qualidade destes serviços, com o fim de garantir a prestação de cuidados de saúde de excelência (ou o mais próximo possível dela).

“A certificação é um meio e não um fim”

Dr. Alexandre Valentim Lourenço (Presidente do Conselho Regional Sul da Ordem dos Médicos) in Publicação Medi.com n.º224, pág. 20

A certificação em qualidade dos serviços de saúde, pode ser considerada como um meio ou uma ferramenta que apoia a criação de uma estrutura organizacional, com os recursos necessários, os procedimentos operacionais e as responsabilidades de cada processo claramente estabelecidas, levando à obtenção de resultados positivos e de melhoria contínua, ao nível dos procedimentos clínicos e a um consequente aumento da saúde e também da satisfação dos utentes. A certificação materializa-se na implementação de um Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ) que deve ser documentado e formalizado através de um Manual da Qualidade.

“Aquilo que não se mede, não se conhece.”

Drª. Maria João Lobão in Publicação Medi.com n.º224, pág. 21

Os objetivos da implementação de um SGQ passam por fornecer uma abordagem sistemática de atividades que possam afetar a qualidade do serviço prestado, através da construção de procedimentos claros e objetivos, aplicáveis a cada atividade, por exemplo, na área administrativa, na área técnica e na área médica, que minimizam a existência de falhas na prática clínica e fornecem uma evidência objetiva de que a qualidade foi alcançada, através de indicadores que monitorizam os procedimentos do SGQ.

Em Portugal, o modelo oficial de acreditação de unidades de saúde do Ministério da Saúde, assenta no modelo da Agencia de Calidad Sanitaria de Andalucía (ACSA), que se baseia na melhoria contínua da qualidade dos serviços de saúde prestados, para além de também ter em conta o preconizado no modelo de excelência organizacional da EFQM (European Foundation for Quality Management) e em princípios da gestão da qualidade presentes em normas internacionais (ISO 9000).

 “Só quando tivermos todas as pessoas a pensar diariamente que querem melhorar a sua área ou um certo indicador de infecção ou de infecção dos tecidos após cirurgia, é que serão obtidos bons resultados.”

Dr. Alexandre Valentim Lourenço (Presidente do Conselho Regional Sul da Ordem dos Médicos) in Publicação Medi.com n.º224, pág. 20

O Serviço de Imagiologia do CHULN é certificado em Gestão de Qualidade desde 2016

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O Serviço de Imagiologia Geral e de Imagiologia Neurológica do CHULN é certificado pela APCER desde 2016, no âmbito da norma ISO 9001:2015 - Sistemas de Gestão da Qualidade e apresenta excelentes resultados no processo de melhoria contínua desde a sua implementação, essencialmente ao nível da organização e controlo de processos, melhoria do parque tecnológico, uniformização de procedimentos e comunicação organizacional, o que levou à obtenção de “resultados positivos no retorno da informação por parte dos Utentes, Colaboradores e Clientes Internos”.

A RESSONÂNCIA esteve à conversa com o Técnico de Radiologia António Almeida, designado como Gestor de Qualidade do Sistema de Gestão de Qualidade do Serviço de Imagiologia do CHULN. Aqui fica um excerto desta entrevista:



Entrevista ao Gestor de Qualidade do Serviço de Imagiologia do CHULN

(Téc.  Radiologia António Almeida)

RESSONÂNCIA: Quando decidiram implementar o SGQ e porque razão?

Téc. António Almeida: A decisão de implementar o SGQ no Serviço de Imagiologia Geral e Imagiologia Neurológica do CHULN partiu da vontade expressa pelos respetivos Diretores de Serviço e Técnica Coordenadora em Abril de 2015, com vista à maior capacitação dos seus colaboradores, à monitorização das práticas e seus requisitos, à satisfação dos utentes, clientes internos e externos, à melhoria contínua e ao desenvolvimento sustentável dos referidos Serviços.

RESSONÂNCIA: Quem participa na dinamização do SGQ?

Téc. António Almeida: Para implementar este SGQ foi criado um Grupo Dinamizador da Qualidade (GDQ), liderado por um Gestor da Qualidade do Serviço de Imagiologia, que tem como missão informar e envolver todos os grupos profissionais (Médicos, TSDT, Enfermeiros, Assistentes Operacionais e Assistentes Técnicos) para todas as questões da Qualidade.

Nesse sentido, foram criados vários grupos de trabalho com elementos de ligação a estes profissionais, bem como um website interno designado "Área da Qualidade", no sentido de otimizar a comunicação entre todos e a dinamização do SGQ.

RESSONÂNCIA: Quais foram os principais objetivos alcançados até agora e qual o impacto do SGQ na realidade do SNS?

Téc. António Almeida: A Certificação da Qualidade permitiu grandes melhorias em ambos os Serviços (Imagiologia Geral e Imagiologia Neurológica), ao nível da organização e controlo de processos, melhoria do parque tecnológico, uniformização de procedimentos e comunicação organizacional. Essa melhoria encontra-se evidenciada nos resultados positivos obtidos no retorno da informação por parte dos Utentes, Colaboradores e Clientes Internos.

RESSONÂNCIA: Qual o contributo dos médicos para o SGQ?

Téc. António Almeida: O maior contributo do grupo de Médicos para o SGQ vem da parte dos seus responsáveis máximos internos, ou seja, os Diretores de Serviço, uma vez que toda a aprovação de documentos, revisão do Sistema e planeamento de novos objetivos e metas passa pelos mesmos.

Contudo, também os restantes Médicos do Serviço contribuem para o SGQ, nomeadamente através de sugestões de melhoria, criação e aprovação de protocolos diversos.




Referências Bibliográficas:

  • Departamento da Qualidade na Saúde, Direção-Geral da Saúde. Programa Nacional de Acreditação em Saúde; 2014.

  • Estratégia Nacional para a Qualidade na Saúde 2015-2020, https://www.dgs.pt/qualidade-e-seguranca/estrategia-nacional-para-a-qualidade-na-saude.aspx

  • Região do Sul da Ordem dos Médicos. Boletim Informativo Medi.com n.º 224; Junho de 2019; 20-21. https://en.calameo.com/read/000163849ace60bab2887

  • Cleto RL. Qualidade Percebida e Satisfação dos Pacientes do Serviço de Oftalmologia do Hospital CUF Descobertas / Centro Hospitalar De Lisboa Central, EPE. Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa - IPL; 2014.

  • Aragão de Sousa V, Fialho J. Avaliação da Qualidade : Estudo Percetivo da Qualidade e Satisfação em Radiologia. Tmq – Tech Methodol Qual. 2012;1–23.

Texto: Carlos Daniel Santos - 6º ano

Fotografia: Rita Ribeiro - 4º ano