Vejam só, vejam só!
Vejam só, que temos Poeta!
Poeta dos que escreve poemas
E não dos que cospe rascunhos,
Poeta dos que conhecem as palavras todas
E onde as rimas nunca se forçam!
Poeta analisável,
Só poemas com sentido.
Esses que escrevem sem rimar,
Às vezes sem pensar,
Sem imaginar outras lentes a olhá-los,
Sem publicar,
Sem sentir!
Que sentido fazem eles?
Poeta que é Poeta faz Poemas para os outros.
Por isso analisamos Fernando Pessoa
(Esse Senhor que explicou a própria Mensagem)
Por isso pensamos no que é fogo que arde sem se ver
(Para quê deixar simplesmente as palavras originais?)
Por isso dizemos que o Outro escreve como se falasse
(Claro que não ignorava os pontos finais só porque sim!)
Poeta a sério tem uma arca com Poemas riscados,
Censurados,
Mas a arca está à vista!,
Para um dia alguém tropeçar nela
“Sem querer”
E publicar o oculto, com mais magia que nunca.
Poeta que se preze procura aliterações,
Metáforas,
Analogias fugidias,
Formas de ligar palavras para outros sentirem,
Sentirem o que ele sente.
Mas poeta que é poeta é um “fingidor”.
poeta que é poeta desconhece o significado da palavra Poeta,
Só conhece poemas.
poeta é o que faz chover palavras em verso
E ouve as rimas no canto inferior direito da mente
(Porque é de lá que elas vêm,
Mesmo que só de vez em quando)
poeta apenas finge que sente,
Ou sente mas finge pensamentos,
Ou sente e escreve.
poemas escreve quando precisa
E quando precisa não escreve.
poeta que é poeta tem um só público:
O papel, a caneta
E o candeeiro de rua, disfarçado de um candeeiro numa secretária.
Namora-os aos três sem medos
E assume-o nas palavras!
Escreve para eles
E conversam horas a fio.
No fim, pergunta-lhes se publica o poema
E eles respondem sempre o mesmo:
“Escreves para quem?”
E o poeta responde “Ninguém”
E eles dizem
“Escreves para nós e para ti.”
E o poeta sorri
E guarda o poema na pilha a publicar,
No lado direito da mesa,
Porque já escreveu para ele,
Agora outros leem se quiserem.
poeta que é poeta é poeta e não o sabe
Por se perder em tanto poema
Que esquece que tudo isso é Poesia.
Texto: Raquel Moreira - 3º ano