POETAS DE ESTETO NA MÃO - Simbiose e Assobios

O reflexo de ti 

Que me reflete 

Faz-me não querer nunca 

Deixar de ser teu 

Espelho. 

Porque nos teus gestos 

Vejo toques meus; 

Nas tuas falas 

Escuto minhas palavras; 

Nos teus olhos 

Refletem os meus. 

Serei eu tu 

Serás tu eu 

Nesta simbiose, 

Às vezes perfeita, 

Perco-me em mim 

E descubro-me em ti. 

No teu corpo 

Procuro o que de mim fugiu 

Na esperança inquieta 

De nunca daí sair. 

O templo que não é meu 

Mas onde também estou 

Eu

Foto de David Clode.png

Suspiraste

Como já o fazias

Naqueles dias

A chuva caía lá fora

E ficavas presa

Até que ela fosse embora

Lá ao longe, no campo

Sorrias e cantavas

E quando eu te chamava, assobiavas

Guardo em mim essa sonância,

E ainda hoje

Relembro os bons tempos de infância

Às vezes ainda te chamo

Sento-me e aguardo

Na esperança néscia

Que o teu assobio chegue ao meu lado

Ele não chega

Tu não vens

Mas o meu coração deténs

Suspiraste

Sem eu te dizer adeus

Fugiste

Com esses assobios que eram meus

Texto: João Valente - 5º ano

Ilustração: Felipe Bezerra - 3º ano