O reflexo de ti
Que me reflete
Faz-me não querer nunca
Deixar de ser teu
Espelho.
Porque nos teus gestos
Vejo toques meus;
Nas tuas falas
Escuto minhas palavras;
Nos teus olhos
Refletem os meus.
Serei eu tu
Serás tu eu
Nesta simbiose,
Às vezes perfeita,
Perco-me em mim
E descubro-me em ti.
No teu corpo
Procuro o que de mim fugiu
Na esperança inquieta
De nunca daí sair.
O templo que não é meu
Mas onde também estou
Eu
Suspiraste
Como já o fazias
Naqueles dias
A chuva caía lá fora
E ficavas presa
Até que ela fosse embora
Lá ao longe, no campo
Sorrias e cantavas
E quando eu te chamava, assobiavas
Guardo em mim essa sonância,
E ainda hoje
Relembro os bons tempos de infância
Às vezes ainda te chamo
Sento-me e aguardo
Na esperança néscia
Que o teu assobio chegue ao meu lado
Ele não chega
Tu não vens
Mas o meu coração deténs
Suspiraste
Sem eu te dizer adeus
Fugiste
Com esses assobios que eram meus
Texto: João Valente - 5º ano
Ilustração: Felipe Bezerra - 3º ano