O homem sonha,
mas Deus não quer.
Onde está a obra?
Pior ainda se for mulher.
De rosto estafado
e olheiras sem fim,
trabalha por turnos,
mas diz que é mesmo assim.
Esforça-se em dobro,
para ter metade de tudo.
E o devaneio
que lhe ilumina os olhos
fica num canto, mudo.
“Talvez um dia”,
como quem diz:
“quem sabe se ainda
não vou ser feliz”.
Vai-se logo a esperança,
com a noite a cair.
A obra fica esquecida
e no meio desta vida
será difícil surgir.
O amanhã aparece,
e mais um dia qualquer.
Fica tudo igual,
e assim permanece
porque ela nasceu mulher.
Autor: Beatriz Francisco - 3º Ano
Ilustração: Guilherme Luís - 5º ano